Nas primeiras horas do dia de hoje - Dia destinado a Nossa Senhora dos Navegantes (Iemanjá) - nos deparamos com uma cena triste, porém, infelizmente, esta mesma cena ocorre todos os dias e em todos os lugares.
Estávamos voltando para casa, depois de uma maravilhosa reunião de amigas, quando notamos uma pequena matilha reunida em uma esquina. Estes cães pareciam cuidar de uma trouxa de roupa caída no meio fio, porém este amontoado de vestimentas estava recheado com um corpinho frágil, miúdo.
Paramos e fomos averiguar - tenho uma certeza: vamos ser chamadas de malucas por parar na rua e atender um desconhecido, mas nosso coração falou mais alto.
Era uma mulher desacordada!
Depois de muito empenho, conseguimos que ela dissesse seu nome: Maria! Foi só o que conseguiu dizer. Não sabia de onde era, como foi parar ali e por que estava com a cabeça machucada.
Ligamos para o 190 e, em menos de 5 minutos, a brigada lá estava, gentil, atenciosa, cumprindo com o seu dever.
Maria!
Teu destino mudou! Por trás da membrana cinzenta, quase vidrada de seus olhos, através de teus lábios arroxeados, disformes e de teu corpo emagrecido, vimos, Maria, que a vida não te sorriu. A sociedade te pariu e te desalojou. Tua realidade é outra,é sórdida, das muitas fomes.
Eras uma boneca retalhada de uso, triste, desamparada, só....
Pode ser, que por detrás de teus trapos haja uma alma enegrecida, pode ser.
Pode ser, que por detrás de tua triste aparência, haja um anjo, pode ser.
Te chamamos de Maria Ninguém.... Se tu és Maria, que é filha de ninguém, nós somos as Marias de Nada.
És uma Maria! Uma Maria que tem sentimentos, que sofre, que ama,... Se tu, maria Ninguém, não tem ninguém, agora tens estas quatro amigas. Pode ser que nunca mais nos vejamos, mas temos a certeza que bem te encaminhamos, hoje.
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