domingo, 29 de abril de 2012

SUA MARCA


SIMPLICIDADE
(Alexandre Garcia - Jornalista)

É curioso observar como a vida nos oferece resposta para os mais variados questionamentos do cotidiano.
Vejamos:
A mais longa caminhada só é possível passo a passo.
O mais belo livro do mundo foi escrito letra por letra.
Os milênios se sucedem segundo a segundo.
As mais violentas cachoeiras se formam de pequenas fontes.
A imponência do pinheiro e a beleza do ipê começaram, ambas, na simplicidade das sementes.
Não fosse a gota, não haveria chuvas.
O mais belo ninho foi feito de pequenos gravetos.
A mais bela construção não se teria realizado senão a partir de primeiro tijolo.
As imensas dunas se compõem de minúsculos grãos de areia.
Como já se refere o adágio popular: nos menores frascos se guardam as melhores fragâncias.
É incrível imaginar que apenas sete notas musicais tenham dado vida à "Ave Maria" de Bach e à "Aleluia" de Händel.
O brilhantismo de Einstein e a ternura de Tereza de Calcutá tiveram que estagiar no período fetal, e nem mesmo Jesus, expressão maior do amor, dispensou a fragilidade do berço.
Assim, também o mundo de paz, harmonia e concórdia com que tanto sonhamos só será construído a partir de pequenos gestos de compreensão, de solidariedade, de respeito, de ternura, de fraternidade, de benevolência, de indulgência e de perdão no dia-a-dia.
Ninguém pode mudar o mundo, mas podemos mudar uma pequena parcela dele: esta parcela que chamamos de "EU".
Não é fácil, nem rápido, mas vale a pena tentar.
Ajude o seu mundo!
Deixe a sua marca!

Como professora e educadora, me encanto e fortaleço com as descobertas dos alunos. Nada fiz de extraordinário para que isto acontecesse, mas minha participação em suas vidas também contribuiu!!!
Como mulher, deixo a minha marca de guerreira, persistente e teimosa. Se cair, torno a levantar! Somente Deus ditará a minha hora de parar e desistir da vida terrena.
Como mãe, deixo duas marcas para o mundo: Luciana e Alexandre. Tenho certeza absoluta que eles contribuem e continuarão a lutar por um mundo melhor, legando a seus filhos e filhos de seus filhos a persistência pela paz, pela honra, pelo amor....
    

A forma de falar a verdade...

     Certa vez, Luiz XIV, poderoso rei de França, sonhou que havia perdido todos os dentes. Ele acordou assustado e mandou chamar um sábio para que interpretasse o sonho.
     "Que desgraça, senhor!" - exclamou o sábio - "Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade".
     "Mas que insolente" - bradou o rei - "Como se atreve a dizer tal coisa?"
     Então, ele chamou os guardas e mandou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que chamassem outro sábio para interpretar o mesmo sonho.
     Outros sábios foram sucessivamente chamados e todos lhe diziam algo semelhante. Todos tiverem o mesmo destino do primeiro.
     Finalmente um sábio chegou e disse:
     "Senhor, uma grande felicidade vos está reservada! O sonho indica que ireis viver mais que todos os vossos parentes".
     A fisionomia do rei se iluminou e ele mandou dar cem moedas de ouro ao sábio adivinho.
     Quando este saía do palácio, um cortesão lhe perguntou:
     "Como é possível? A interpretação que você fez foi a mesma de seus colegas, no entanto, eles levaram chicotadas e você, moedas de ouro".
     Respondeu-lhe o sábio:
     "Lembre-se sempre, amigo, tudo depende da maneira de dizer as coisas..."
     É sabido que Luiz XIV de França, o Rei Sol, teve um dos reinados mais longos da história - de 1643 a 1715 - falecendo aos 77 anos, um recorde para a época. Com 72 anos de reinado, este é o mais longo do mundo ocidental!
     Luiz XIV foi sucedido por seu bisneto, Luiz XV, uma vez que todos os seus filhos legítimos (teve vários bastardos) e netos lhe precederam na morte...
     Desta forma, a predição se cumprira!
     Esse é um dos desafios em nossos relacionamentos. Desafios para as lideranças, para os educadores, para todos nós: a maneira de dizer as coisas, porque as PALAVRAS TÊM FORÇA E PODER.
     Elas podem gerar felicidade ou desgraça, moedas de ouro ou chicotadas, paz ou guerra.
    
A VERDADE DEVE SER SEMPRE DITA,
MAS A FORMA COMO É FEITA
PODE FAZER TODA A DIFERENÇA.

     Que aprendamos a pronunciar palavras que elevem, que "toquem" os corações, que transformem e que possibilitem uma convivência melhor nas famílias, nos grupos de amigos e nas equipes de trabalho.


Gatinhas aos "ENTA"!!!!!!

     Cada vez que abrimos um jornal, ligamos a televisão ou acessamos a internet – ou ainda, transitando pelas ruas − somos bombardeados por novos modismos, novas tendências.
     Podemos apreciar as Tribos Urbanas, chamando a atenção pelo modo de vestir ou de pentear (ou despentear) os cabelos: emos, punks, góticos, basofes,... A cada dia surgem Novas Tribos com nomes, trajes e personalidades esquisitas.
    De alguns anos para cá, vem crescendo o número de adeptas de uma Nova Tribo: as 50TONAS.
     Não faz muito tempo, a mulher de cinquenta anos era tida como uma velha em fim de carreira, cuidando dos netos, dos almoços para a família, das costuras e dos tricôs. Estas eram suas únicas utilidades (pelo menos era o que pensava os mais jovens).
    Quando completei cinquenta anos, já divorciada, decidi que este não seria o modo que eu iria enfrentar os anos seguintes. Não que eu não queira ser avó ou não goste de cozinhar, fazer tricô, ..., muito pelo contrário, estou louca pra ter um netinho ou netinha, gosto das prendas domésticas, ainda estou na ativa como professora, mas só isto não me basta! Quero aproveitar cada momento que me resta na maior alegria: rindo muito, dançando, passeando, curtindo a família, os amigos e celebrando a vida, sempre.

     Assisti, pela televisão, uma entrevista com Miriam Goldenberg. Encantei-me com suas ideias e sua personalidade:
“...mergulhei profundamente na crise dos 40, saí dela após um ano de sofrimento e comecei a brincar com o fato de estar envelhecendo. Alguns anos depois, como forma de criar uma resistência política lúdica, inventei o grupo Coroas, composto por mulheres de mais de 50 anos. Tentei seduzir minhas amigas para participarem dele e todas recusaram veementemente. E assim, até hoje, sou a fundadora e única integrante do grupo Coroas.”
    Querida Miriam, apesar dos quilômetros entre nós, me sinto integrante de teu grupo. Não és mais a única, eu e minhas amigas somos tuas companheiras.

     Não somos mais Balzaquianas e já ultrapassamos a Idade da Loba, mas ainda estamos vivas, continuamos uivando.....
     Sempre ouvi falar que os homens quando chegam aos 40-50 anos vivem a idade do lobo – se referindo à vitalidade sexual, passam a readaptar as atitudes da juventude, procurando mulheres bem mais jovens para se auto-afirmarem.
     A 50tona está numa fase segura de si, com certezas que não existiam antes, sabe o que quer e para onde vai. Não necessita de homens mais jovens para se realizar como mulher, pois sua sexualidade está mais aflorada do que nunca, é experiente, conhece totalmente o seu corpo e é mais exigente consigo mesma e com o parceiro.

     Recebi, via e-mail, o texto abaixo. Desconheço a autoria desta pérola, mas me identifiquei imediatamente com a autora.


Gatinha aos "enta"..

Visita de rotina aos médicos. Todo ano a mesma peregrinação. Mastologista,ginecologista, oftalmologista, dentista... Mas um dia, resolvi incluir um "ISTA" novo na minha odisséia....
Um DERMATOLOGISTA... Já era hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo as marcas da inevitável entrada nos ENTA.
Na verdade, sentia-me espetacular. Tudo certo.
Ninguém podia cantar para mim a ridícula frase da Calcanhoto 'nada ficou no lugar....'
Mas não sei o que deu no espelho lá de casa, que resolveu, do dia para a noite, tomar ares de conto de fadas. Aliás, de bruxas. E mostrar coisinhas que nunca haviam aparecido (ou eu não havia notado?).
Pontinhos azuis nos tornozelos, pintinhas negras no colo, nos braços, bolinhas vermelhas na bunda... olheiras mais profundas...
Como assim???
Assim... Sem avisar nem nada.
De repente, o idiota resolveu mostrar e pronto.
Ah, não! Isso não vai ficar assim.
Um "ista" novo na lista do convênio.
O melhor.
Queria o melhor especialista de todos os "istas"!
Achei.
Marquei. E fui tão nervosa quanto para um encontro 'bem intencionado' daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima com cuidado, que é para não fazer feio.... nem parecer que foi uma escolha proposital... sabe como é, né?
Pois sim. O sujeito era um dermatologista famoso.
Via e cutucava a pele de toda a nata feminina e masculina da cidade...
Assim, me armei de humildade.
Disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando, através do maquiavélico e ex-amigo espelho de meu quarto.
Depois de fazer uma ficha com meus dados, o 'doutor' me olhou finalmente nos olhos, e perguntou:
'O que lhe trouxe aqui?'
Fiquei vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou.
Quase de olhos fechados, desfiei minhas queixas.
Ele observou 'in loco' cada uma delas, com uma luz de 200wtz e uma lupa...
E começou o seu diagnóstico.
'As pintinhas são sinais do Sol, por todo o Sol que já tomou na vida. Com a IDADE (tóin!) elas vão aparecendo, cada vez mais numerosas. Vai precisar de um protetor solar para sair de casa pela manhã, mesmo sem ir à praia. Para dirigir inclusive. Braços e pernas e rosto e pescoço.
E praia? Evite. Só de 6 às 10 da manhã, sob proteção máxima, guarda sol,  óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.'
-Ahmmm... (a turma só chega às 11:00 !!!!)
-'Os pontinhos azuis são pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre saltos altos. Evite. Use sapatos com solado anabela ou baixos, de preferência. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar saltos altos.
-Ahmmmaaaa... (Kendall??? E as minhas preciosas sandalinhas???)
-'As bolinhas na bunda são normais, por causa do calor. Para evitá-las use mais saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas de lycra. As de algodão puro são as melhores... E folgadas...'
-Ahmnunght?? ?? (e pude 'ver' as de minha mãe, enormes na cintura, de florzinhas cor de rosa..... vou chorar!).
-'As olheiras são de família. Não há muito que fazer. Use esse creminho à noite, antes de dormir e procure não dormir tarde. Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem álcool... Nem café.'
E então a histérica aqui começou a rir...
Agradeci, peguei suas receitinhas e saí¬ rindo, rindo.... Me dobrando de tanto rir!
No carro comecei a falar sozinha...
Tudo o que deveria ter dito e não disse:
'Trabalho muito, doutor,... muitas noites vou dormir às 2h, escrevendo e lendo. Bebo e fumo. Tomo café. Saio pelas noites de boemia com os amigos e seus violões para as serenatas de lua cheia... E que noites!!!!
Adoro os saltos, principalmente nas sandálias fininhas. Impossível a meia elástica(argh!!). Calcinhas de algodão? E folgadas??? Adoro as justinhas e rendadas... E não abandono meu jeans nem sob ameaça de morte!!! É meu melhor amigo!!!!
Dormir lambuzada? Neste calor? E minhas duchas frias com sabonete Johnson para ficar fresquinha como um bebê, cada noite?
E nada de praia??? O senhor está louco é??? Endoideceu foi??? Moro no Recife, com esse mar e tudo...E tenho só 40 anos....
Meia vida inteira pela frente!!!
Doutor Filistreco, na minha idade não vou viver como se tivesse feito trinta anos em um!!!
Até um dia desses tinha 39...
E agora em vez de 40 estou fazendo 70???
Inclua aí na sua lista de remédios... para as de 40 a 60, MEIA LUZ...
Acho que é só disso que eu preciso.
Um bom abajur com uma luz de 15wts...
E um namorado que use óculos...
É isso... só isso!!! Entendeu????'
Parei no sinal e olhei de lado... e um cara de uns 25 anos piscou o olhou para mim. Ah... e ele nem usava óculos!
Nunca fiz o que me recomendou o filistreco ...
Minhas olheiras são parte de meu charme..
E valem o que faço pelas noites a dentro... Ah!!! se valem!
As bolinhas da bunda desapareceram com uma solução caseira de vitamina A, que quase todas as mulheres usavam e eu não sabia, até que contei minha historinha do 'bruxo mau'.
Os sinaizinhos estão aqui... sem grandes alardes... e até que já acho bonitinho.
O espelho é muito menor... o outro, eu dei a minha filha.
E meu namorado diz que estou cada dia mais linda! Principalmente quando estou de saltos e rendas, disposta a encarar uma noite de vinhos e música.
É claro que ele usa óculos.
Mas quando quero ficar fatal, tiro os seus óculos... e acendo o abajur.
'No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo.
Acostume-se....
O melhor ‘ISTA’ é ser OtimISTA!!!!!!




“Como uma fruta madura,
a mulher-loba conhece o momento
da plenitude da sua estação.
Mas a colheita é ela quem determina,
guardiã zelosa da seiva que escorre das suas raízes.”
(Cleomar Brandi)


domingo, 22 de abril de 2012

Relacionamentos

(Arnaldo Jabor)


Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah! Terminei o namoro...
- Nossa! Quanto tempo?
- Cinco anos... Mas não deu certo...acabou!
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo, nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico, que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate... se joga... se não bate...mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?
FATO !




Desilusão




     Sabe aqueles momentos em que sentimos uma dor fina, lá dentro do peito, dor essa que nem sabe-se como é, como vem, e tira a impressão de que tava tudo bem.
     Dá vontade de gritar aos quatro ventos numa voz bem alta, como se fosse sair um monstro de dentro de nós, a sensação de alguma coisa sem precendentes.
     Como se viesse um desejo de chorar e chorar, e nem saber a hora de parar, somente induzir para dentro de sí, o que pra fora nem veio se mostrar.
     Como mudança de rumo, e rumando para o deserto quente e seco da minha sensação de estar perto do nada, mas longe de você, um amor renegado, pensamento elevado.
     Sentimento com sonhos desmoronados e castelos de areia engolidos pelas ondas, sentimento de perda e dor, sabor do castigo, sentido sem amor.
     Seria como se expremesse o peito e lançasse longe a alegria, sentido de vida vazia, sorriso sem graça, sabor de rejeição, coração na contra mão.
     Não!... Mesmo que se tenha idéia do que é sofrer, mas ferida que se abre sem ferir dói, mas sem o sangue a sair.
     Sofrer assim não é justo, se foi um susto, nem custo da dor ou esperança do amor, dor essa que é fina no peito e desafina o embalo do coração e da emoção.
     Pois, como perfume de amor e flor, e despedida sem odor, se faz sofrido o rosto, com a expressão que dispensa conoção.
     Sim, com amor é fácil lidar, mas os sentimentos á parte que sem recentimentos, se faz uma parte dessa dor, que á outra se veio juntar, selando a desculpa da lágrima rolar.
     Como saber que é hora de parar, sanar uma coisa dessas só com alguém que viveu tal sentimento, e sobreviveu pra contar, ou correu o risco e saiu da beira abismo.
     Juro que se for para sentir essa dor, sem ter o que sentir, não fico mais em cima desse muro, me cede tua luz, e me tira desse escuro.
     Os vestígios da esperança que molha o meu olhar, se faz forte, e não sei como vai-me a sorte sair assim, sem os riscos da morte á me rodear.
     Sei que dor fina e vazia faz sofrer, mas sem entender o que a dor te traria é sofrer duas vezes, uma por sofrer e outra sem saber.
     Seria um troca justa, a troca da discórdia pela vaga soma da tua misericórdia, se me decifrasse essa dor.
     E chegando sempre pela metade e tomando o lugar da felicidade, essa dor me pega sem piedade, como é triste sofrer e ver padecer num sentido sem fim.
     Não tem como dizer não, essa dor que seca o coração, faz viver um momento sem razão, leva consigo uma paz que seria a única emoção, essa dor se chama, Desilusão!

(Paulo Master)

QUASE

(Sarah Westphal)


     Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
     Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
     Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Novíssimo Testamento

Fabrício Carpinejar

Legendar a conversa dos pássaros ao amanhecer,
esticar o arame do violino,
restaurar o som dos peixes com o veludo dos pés,
acolher o elogio dos defeitos,
prender em gaiolas os livros de leitura avoada,
trocar mensalmente a terra do rosto,
agradecer a quem te cumprimenta por engano,
empregar as ervas como escolta das flores,
desaparecer na visibilidade,
interromper a sesta do vento,
repor as telhas do fogo,
esperar o porão subir com os frutos,
conhecer-te na medida em que me ignoro,
repetir os erros para decorar os caminhos,
ressuscitar a brasa das cinzas,
saber uma chama de ouvido,
afiar a faca na compra para que seja leal na despedida,
levantar atrasado, com a solidão ao lado,
distanciar o desespero e alegrá-lo com a saudade,
reverenciar o muro que nos permite imaginar uma vida diferente da nossa,
escolher as melhores maçãs pelo assédio dos insetos,
assobiar estrelas entre os telhados,
partir os cabides ao arrumar as malas,
pensar baixo para não ser escutado,
avisar das falhas na calçada,
seguir quem está perdido,
gritar nos ouvidos da claridade até surgir relâmpagos,
estreitar as vigas da face com a rede do riso,
tragar o vapor do inverno na véspera de ser vidro,
ter a infância assistida pelas parreiras,
ser a primeira roupa do teu dia,
nascer póstumo,
identificar o corredor do hospital nos arbustos podados,
correr na contramão do rio,
desafiar as cigarras, desafinando mais alto,
transpor a aparência do inferno,
converter o ódio em curiosidade do amor,
acelerar o passo para a névoa não encurtar o dia,
arrancar do fruto o que voava do coração parado da ave,
revezar com o pessegueiro a guarda da porta,
jejuar para doar o sangue,
enredar teus joelhos como forquilhas da fogueira,
enervar a vela com um lance de olhos,
cobrir com jornais a pedra fria,
buscar um confidente fora da consciência,
barbear a insônia com a lâmina dos seios,
descobrir o irmão mais velho no silêncio do caçula,
obedecer a intuição das dúvidas,
abandonar teu corpo antes da luz depor o peso,
morar no clarão exilado,
respeitar o mar quando está rezando,
curvar-se no violão como uma violeta cansada,
compensar a forte dose da fala com os gestos,
imitar a elegância de objetos esquecidos,
espantar o pó com a lâmpada dos dedos,
desfrutar do feriado das tranças,
deixar a música se inventar sozinha,
desperdiçar o fôlego fingindo trabalhar,
ouvir o sol de noite,
segurar no braço da cerração para atravessar a rua,
procurar minha voz em outros autores,
retribuir o aceno das sobrancelhas,
presenciar da janela a palestra da chuva,
espreguiçar a camisa dormida de espuma,
eleger tristezas para concorrer com as tuas,
puxar a cadeira na saída
 (e observar tuas pernas roçando a toalha da mesa),
engolir de volta as palavras que te agrediram,
cortar a artéria de um beco e sangrar a saída,
medir a altura do poço com uma moeda,
entender que meus livros são parecidos comigo
(demoram a fazer amigos),
verificar o pulso da madeira,
desconfiar das superstições confiando nelas,
achar no pesadelo um quarto para dormir,
conservar a imagem da casa quando criança,
arder como um musgo na soleira da porta,
descer o fecho do vestido e vestir o quarto,
caminhar com a sandália de teus lábios,
ajustar o cavalo na cintura da estrada,
rebobinar o pulmão com a asma,
morrer tentando não morrer,
golpear o tambor com a força dos pés,
compreender sem concordar,
combinar encontros e desencontrar-se consigo no meio do trajeto,
desistir de compor o diário porque não existe segredo quando escrito,
anotar na agenda as reuniões que não quero ir,
apiedar-se da vocação fúnebre do guarda-chuva,
falir na memória preservando a imaginação,
acautelar-se das paredes velhas, o cimento armado,
carregar o sobretudo como uma garrafa vazia,
comemorar o que desconhecemos um do outro.


In: Fabrício Carpinejar, Biografia de uma árvore.
2ª ed. São Paulo: Escrituras, 2002.
   

Fabrício Carpinejar é escritor, jornalista e professor universitário, autor de dezessete livros, pai de dosi filhos, um ouvinte declarado da chuva, um leitor apaixonado so sol. Quando conseguir se definir, deixará de ser poeta. (Na Ponta do Lápis, ano VIII - número 19 - Março de 2012).

domingo, 8 de abril de 2012

VIDA (por Augusto Branco)

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.

Amei e fui amada,
mas também já fui rejeitada,
fui amada e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi!

E ainda vivo!

Não passo pela vida.

E você também não deveria passar!

Viva!!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.

UM DIA... (por Mário Quintana)

...Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.

Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...


Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...


Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...


Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...


Um dia percebemos que o comum não nos atrai...


Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...


Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...


Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."


Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso...


Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...


Enfim...


Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...


Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Coisas que a vida nos ensina, depois dos 40...

(Artur da Távola)

Amor não se implora, não se pede não se espera... Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...




Nós já aprendemos!!!!!!

CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE

(Mário Quintana)

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Equivalências ou comparações?

(Por Francisco Cândido Xavier)

Vida
É o amor existencial.

Razão
É o amor que pondera.

Estudo
É o amor que analisa.

Ciência
É o amor que investiga.

Filosofia
É o amor que pensa.

Religião
É o amor que busca a Deus.

Verdade
É o amor que eterniza.

Ideal
É o amor que se eleva.

É o amor que transcende.

Esperança
É o amor que sonha.

Caridade
É o amor que auxilia.

Fraternidade
É o amor que se expande.

Sacrifício
É o amor que se esforça.

Renúncia
É o amor que depura.

Simpatia
É o amor que sorri.

Trabalho
É o amor que constrói.

Indiferença
É o amor que se esconde.

Desespero
É o amor que se desgoverna.

Paixão
É o amor que se desequilibra.

Ciúme
É o amor que se desvaira.

Orgulho
É o amor que enlouquece.

Sensualismo
É o amor que se envenena.

Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do amor, não é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.

VIDA (Augusto Cury)



Posso ter defeitos, viver ansiosa e ficar irritada algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Eu sou feliz!!!!!!!!!

Há Momentos...

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.

(Clarice Lispector)