segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SEXALESCENTES

Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova classe social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes : é a geração que rejeita a palavra "sexagenário",
 porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em
meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que
deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que
até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta anos teve uma vida
razoavelmente satisfatória.

Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em
aposentar-se. E os que já o fizeram gozam plenamente, cada dia, sem medo do
ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra. Desfrutam a
situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos,
preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em
mais nada...

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um
papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando
as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as
suas mães nem tinham sonhado ocupar.

Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre
tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras
não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma
fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a
faze-lo todos os dias.

Algumas coisas foram adquiridas.
Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos
"sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito
toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se
esquecem do velho telefone para contatar os amigos - mandam e-mails com as
suas notícias, idéias e vivências.

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não
estão, não se conformam e procuram muda-lo. Raramente se desfazem em prantos
sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos.
Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte
para outra...

Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo
da sua vida, estão a estrear uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos
e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a
juventude mas sem nostalgias tolas, porque a juventude ela própria também
está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios...

Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60
no século XXI ...

(Tita Teixeira)









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