Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito.
Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
É fácil trocar palavras, difícil é interpretar silêncios!
É fácil caminhar lada a lado, difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto, difícil é chegar no coração!
É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor!
É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente!
(Autor Anônimo)
Esta fábula nos remete à uma reflexão: diante da crise de valores instaurada na sociedade, como podemos facilitar processos mais harmônicos e cooperativos?
Estamos vivendo uma fase caótica, onde vários indivíduos têm despertado o desrespeito ao próximo, a individualidade.
Para podemos conviver, partilhar e cooperar, é necessário respeitar o espaço e a individualidade de cada um, sem competições mesquinhas. É fundamental preservar, antes de tudo, cada um seu ser essencial.
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