segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FÁBULA DA CONVIVÊNCIA


     Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
     Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
     Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito.
     Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
     Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.

     É fácil trocar palavras, difícil é interpretar silêncios!
     É fácil caminhar lada a lado, difícil é saber como se encontrar!
     É fácil beijar o rosto, difícil é chegar no coração!
     É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor!
     É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente!

(Autor Anônimo)


     Esta fábula nos remete à uma reflexão: diante da crise de valores instaurada na sociedade, como podemos facilitar processos mais harmônicos e cooperativos?
     Estamos vivendo uma fase caótica, onde vários indivíduos têm despertado o desrespeito ao próximo, a individualidade.
     Para podemos conviver, partilhar e cooperar, é necessário respeitar o espaço e a individualidade de cada um, sem competições mesquinhas. É fundamental preservar, antes de tudo, cada um seu ser essencial.

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